Há muito tempo que não dava notícias!
Ontem de manhã cedo foi o Bronze embora, e ao fim do dia a Cláudia, uma nossa amiga de arquitectura que estava aqui no quarto das visitas!
Quase que realizei o meu objectivo de ir a Lago Como ontem, não fosse ter chovido tanto! Pelo que diz na metereologia vai chover estes dias todos até eu ir embora, portanto acho que já não vou...
Tivemos um dia preenchidíssimo ontem, a Cláudia tinha o sonho de ir ver uma ópera ao Teatro alla Scala e ontem foi a estreia de uma ópera de Giacomo Pucini, a "Tosca".
Um dos nossos amigos aqui de Milão já tinha ido sem pagar muito e informamo-nos como se conseguia isso, porque um bilhete normal custa à volta de 200€!
E eis o procedimento:
1 - Estar de manhã cedo à porta do teatro para começar a formar fila (nós só chegamos a meio da manhã porque o sono foi muito!)
2- Rezar para que o nosso lugar na fila, mesmo chegando tarde, esteja entre os 110 primeiros. Se estivermos dentro deste número, damos o nosso nome à senhora que está a fazer a listinha.
3 - Depois voltamos à fila ás 17h30 para que ao nosso nome seja atribuído um número ( lá consegui ficar com o 99)
4 - Voltar novamente à fila lá para as 18h30, para nos darem um papel com o nosso número. Só com esse papel podemos comprar o bilhete barato a 12€. E finalmente acaba o processo de compra do bilhete!
Durante este processo todo conhecemos um senhor italiano que falava 6 línguas e uma delas era portugês! Falava muito, é pena era não ter uma placa dentária que o acompanhasse na vontade de falar! Ehehe Lá andou ele a treinar o português dele connosco.
Perdemos a tarde inteira na história do bilhete! Só rezava para que a ópera fosse alguma coisa de jeito!
Entretanto fomos jantar até chegarem as 20h, hora em que começava a ópera. O centro da cidade esteve um caos o dia todo por causa do jogo que houve entre Tottenham e AC Milan! À hora de jantar, depois de uma tarde inteira a beber cerveja e a cantar, os ingleses deixaram as galerias Vittorio Emanuelle como se tivesse lá passado o cortejo da queima das fitas! Os nossos sapatos colavam ao chão de tanta cerveja, o Duomo estava com grades à volta, e ainda lá estava a polícia de intervenção! Nossa Senhora!
Lá jantamos no nosso restaurante económico e seguimos para a ópera porque a Cláudia estava em pulgas e com medo de não chegar a tempo!
Entramos primeiro na porta dos ricaços, mesmo sabendo que não era por ali, só para ver como era! Mas passado um bocado lá nos mandaram para a porta da ralé!
Porteiros todos jeitosos que tem o alla Scala!
Mal nos sentamos nos nossos lugares, levantamo-nos logo! Não víamos nadinha para o palco! Só o pano que estava por cima, porque estávamos no balcão de cima em segunda fila!
Passamos o tempo todo de pé para ver, encostadas à varandinha.
O teatro é bonito, o S. Carlos em Lisboa é a cópia do Scala. Fartei-me de tirar fotos! (embora não se pudesse)
A peça está dividida em 3 actos, havendo 1 intervalo entre cada um. É muito bonita e e os cantores cantavam muito bem! é giro ver também a orquestra, que era enorme!
Segundo me lembro (e segundo percebi), era a história de um pintor que escondia um prisioneiro fugitivo em sua casa. A mulher dele, que a princípio não sabia, descobriu. Entretanto a polícia descobre e um dos guardas faz chantagem com a mulher do pintor, fazendo o acordo de: se estivesse uma noite com ele, o seu marido não seria morto, apenas fingiriam que o matavam para a polícia não ficar mal vista. Ela aceitou o acordo, mas matou o polícia, e não passou a noite com ele.
Mais tarde, a polícia mata mesmo o marido, mas a Tosca pensa que era tudo a fingir, como tinha combinado com o polícia, e só descobre mais tarde que o marido tinha sido mesmo morto.
No fim suicída-se, atirando-se de uma janela.
No fim, quando apareceram os actores para fazer vénia deu-se uma coisa extraordinária! Vê-se mesmo que estamos em Itália! Embora quase toda a gente estivesse a bater palmas, houve pessoas que fizeram questão de gritar a dizer que não gostaram, e que os actores tiveram uma má performance!
Ficamos mesmo com pena dos actores! Estavam tão nervosos, ainda por cima era a estreia, e aquela gente a gritar " que porcaria! buuuh, vão para casa!"
Quando já algumas pessoas tinham saído, um senhor da plateia levantou-se e reclamou com quem estava a gritar, a dizer que o director da peça era óptimo e que ninguém tinha o direito de vaiar! E nós lá de cima aplaudimos e dissemos " Bravo, Bravíssimo!" Ehehe
Que peixeirada que foi!
E pronto, depois a Cláudia seguiu para o aeroporto e nós fomos para casa (eu e a Xana).
Bela noite cultural!
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